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Tempos pandêmicos e resistência

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No dia 03 de maio de 2021, o Instituto de Psicologia Social de Porto Alegre Pichon-Rivière (PichonPoa), iniciará o curso especial “Tempos pandêmicos e resistência: a prática social e seus desafios”, que será ministrado pela Doutora em Psicologia Roberta Carvalho Romagnoli (PUC-SP), professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), pesquisadora do CNPq e organizadora do livro “A intersetorialidade e seus desafios”.

Durante os 4 encontros (03, 10, 17 e 24 de maio de 2021) do curso “Tempos pandêmicos e resistência: a prática social e seus desafios”, a Professora Dra. Roberta Carvalho Romagnoli, trará aos inscritos os seguintes objetivos:

  • Conhecer a Esquizoanálise em sua proposta de imanência e exterioridade;
  • Propiciar uma leitura da subjetividade e de seus processos a partir das ideias de Gilles Deleuze e Félix Guattari;
  • Discutir as relações de poder que perpassam a prática institucional/social no momento contemporâneo, bem como a micropolítica inventiva destacando a importância do coletivo.

A pandemia do coronavírus, com suas repercussões sanitárias, políticas, financeiras e culturais, trouxe linhas de tensão e de imprevisibilidade para todos e, sobretudo para as políticas públicas, que intervém junto às populações vulneráveis na garantia dos direitos mínimos para os cidadãos. No Brasil, a Covid desvela as desigualdades sociais que fazem parte de nossa história.

As marcas de colonialidade, racismo e privilégios que compõem a estrutura de nossa sociedade tornam-se mais evidentes.  O confinamento, a luta coletiva contra a morte, a necessidade de não sobrecarregar o sistema público de saúde são elementos vividos de maneira distinta em nosso país, que vive sob a égide da desorganização das esferas federais, estaduais e municipais e uma forte oposição entre a esfera científica, que insiste na preservação da vida, e a esfera econômica, que insiste nos lucros.

Na prática social, entendemos que essa cisão é se sustenta a partir das relações entre a macropolítica e micropolítica, dimensões coexistentes denotando uma realidade que se engendra por fixações e conexões, enfocando tanto o molar quanto o molecular como dimensões justapostas e processuais. Se a macropolítica funciona por classificação e exclusão, fixando a heterogeneidade da vida em padrões, a micropolítica, por sua vez, produz deslocamentos, busca inventar, embora em algumas situações também vise homogeneizar.

As normas produzidas pela macropolítica para ordenar a vida e suas práticas são visíveis e instituídas e administram as ações das políticas públicas frente à pandemia, indicadas nas orientações presentes nos documentos e atividades de cada equipamento. Em contrapartida, a micropolítica é invisível e pode operar ora para dominar, igualar, nos microfascismos, ora para sustentar conexões, produções inéditas.

Ou seja, no molecular não temos somente as invenções, também temos os microfascismos, quando o desejo deseja sua própria repressão, pois este se insere em agenciamentos inventivos, mas também em microformações que buscam formatar, igualar, comparar, driblar a diferença. Os microfascismos afloram a partir do medo e das inseguranças e emergem como uma micropolítica reativa.

A macropolítica e a micropolítica são indissociáveis, e estão presentes nas ações e no cotidiano dos trabalhadores sociais. Buscamos problematizar essas relações, na aposta de possibilidades de resistência, de modos de enfrentamentos ativos. Precisamos achar brechas para resistir, expandir os nossos modos de trabalhar, repensar nossas práticas, nos movimentar para criar outros modos de conduzir e fazer a vida.

Certamente, temos lutas cotidianas para travar, em um exercício do presente, na qual a ultrapassagem possível se faz inicialmente a partir da crítica.

Realize agora a sua inscrição no curso “Tempos pandêmicos e resistência: a prática social e seus desafios”. Aguardamos a sua presença.